segunda-feira, 9 de maio de 2016

As Habilidades de Leitura – Quais os conhecimentos e habilidades de leitura que um aluno deve ter?


“Ler é ser um pouco clandestino, é abolir o mundo exterior, deportar-se para uma ficção, abrir o parêntese do imaginário”.
Lionel Bellenger


A leitura é uma das atividades mais importantes e fundamentais que os seres humanos podem desenvolver.  É a partir dela que podemos compreender a realidade em que estamos inseridos e chegar a importantes conclusões sobre o mundo e os aspectos que o compõe.
A habilidade que se deve ter de leitura não é somente traduzir sílabas ou palavras em sons. A boa leitura deve passar pelas seguintes etapas:
  • Decodificar;
  • Compreender;
  • Interpretar;
  • Reter

Primeiramente o aluno deve decodificar os símbolos escritos. Faz-se uma leitura superficial a fim de notar palavras desconhecidas para encontrar sinônimos.

Segundo Angela Kleiman (1993 apud MENEGASSI; CALCIOLARI, 2002, p. 82), "As práticas de leitura como decodificação não modificam em nada a visão de mundo do leitor, pois se trata apenas de automatismos de identificação e pareamento das palavras do texto com as palavras idênticas em uma pergunta ou comentário”.


No processo de compreensão, as respostas estão explícitas no texto. O aluno deve captar o sentido do texto lido, deve saber sobre do que se trata o texto, qual a tipologia usada, compreender a ideia que o autor pretendeu passar e ser capaz de resumir a essência do texto.

“Ler é interagir com o texto, considerando-se o papel do leitor, o papel do texto e a interação entre leitor e texto”. (MENEGASSI; CALCIOLARI, 2002, p. 85)

Nesta etapa da leitura, o aluno deve interpretar uma sequencia de acontecimentos ou ideias que estão implícitas no texto. Apenas com uma boa compreensão do que se leu será capaz de interpretar os sentidos do texto que não estão escritos literalmente.

“Na vida estamos envolvidos o tempo todo em interpretar. Um amigo diz uma coisa que a gente não entende. A gente diz logo: "O que é que você quer dizer com isso?". Aí ele diz de uma outra forma, e a gente entende. E a interpretação, todo mundo sabe disso, é aquilo que se deve fazer com os textos que se lê. Para que sejam compreendidos. Razão por que os materiais escolares estão cheios de testes de compreensão. Interpretar é compreender.” 
                                                                                                            Rubem Alves


Na última etapa, a retençãoo aluno deve ter a capacidade de reter as informações trabalhadas nas etapas anteriores para assim aplica-las: fazendo analogias, comparações, reconhecendo o sentido de linguagens figuradas ou subentendidas, e o principal, aplicar em outros contextos e fazer um paralelo com o seu cotidiano e assim, fazer suas próprias análises críticas.

"A melhor coisa que a escola poderia oferecer aos alunos é a leitura (...) se um aluno não se sair bem nas outras atividades, mas for um bom leitor, a escola já cumpriu grande parte de sua tarefa". (CAGLIARI, 1996)

É importante ressaltar que, apesar de todas essas etapas serem importantes no aprendizado de leitura em fase ainda escolar, não deve ser de maneira alguma uma técnica resultante de uma mecanização ou receita a ser seguida. Este conhecimento se dá por meio do processo de aprendizagem, reflexão e interação dos alunos; e pela “provocação”, esta por parte do professor pois, cabe a ele conhecer seus alunos no que diz respeito a seu estilo  de vida, cultura e ideologias e tomar como ponto de partida as experiências já vividas pelos alunos; valorizando suas opiniões e seus conhecimentos de mundo pois, nenhum aluno é uma tábua rasa.

Como mediador, o professor deverá permitir que seu aluno compreenda a leitura como uma atividade importante no contexto escolar mas também na sua vida fora da escola. A formação de uma postura crítica não se dá isoladamente do contexto em que se vive; é preciso que o aluno, tanto na leitura de textos informativos como de textos literários, seja despertado para perceber quais elementos estão autorizando as diversas posturas que podem estar implícitas ou explícitas no que leu e quais as relações que essas leituras podem apresentar com o seu cotidiano.


“Aprende-se a ler com textos (...) que funcionem realmente para leitores; aprende-se a ler lendo textos que não se sabe ler, mas de cuja leitura se tem necessidade. Ler é uma negociação entre o conhecido, que está em nossa cabeça, e o desconhecido, que está no papel; entre o que está atrás e o que está diante dos olhos.”

Foucambert

Referências bibliográficas

MENEGASSI, Renilson José; CALCIOLARI, Angela Cristina. A leitura no vestibular: a primazia da compreensão legitimada na prova de Língua Portuguesa. Maringá: UEM – Acta Scientiarum, v. 24, n. 1, pp. 81-90, 2002.

CAGLIARI, Carlos. Alfabetização e Lingüística. São Paulo: Ed. Scipione, 1996.

SOLÉ, I. Estratégias de leitura. 6. ed., Porto Alegre: Ed. Artmed, 1998.