terça-feira, 2 de maio de 2017

Ciberliteratura


Não há hoje um só setor da vida humana que não esteja mediado e permeado pelas tecnologias digitais. Estas penetram em nosso presente não só como um modo de participação, mas como um principio também assimilado à produção criativada qual a literatura faz parte. Por isso, a criação, a teoria e as críticas literárias exigem a redefinição de seus paradigmas herdados da era de Gutenberg. Mediante as mídias digitais, a configuração da literatura sofreu um salto qualitativo em todos os seus aspectos, “envolvendo a instância autoral, a leitora, o contexto, o canal, o referente e o código, além do próprio discurso ou construção textual e hipertextual”. Isso obriga à reflexão, a partir de pressupostos digitais, sobre a produção literária, a recepção multimídia, a leitura e a interpretação literárias, sobre os direitos do autor, as novas formas de edição, a renovação da empresa editorial sobre as novas configurações da obra literária, sobre o acesso à literatura e sobre a função social da literatura.
(GUTIÉRREZ et al., 2006).
Quando se discutem as produções artísticas e literárias próprias do universo digital, é comum o abandono das preocupações relativas às evoluções pelas quais as linguagens vieram passando até alcançarem o ponto em que hoje se encontram. Para evitar essa forma de esquecimento, será apresentado abaixo um breve retrospecto que nos leve ao encontro das raízes que vieram dar na ciberliteratura atual. Antes disso, porém, é preciso nos entendermos quanto à nossa compreensão de ciberliteratura.
O espaço virtual gerado pelas redes de computadores funciona como um novo meio. Abre-se com ele uma miríade de oportunidades que expandem o conceito de literatura em função da emergência de novas formas de criação literária. São muitos os nomes que a literatura no ciberespaço e a profusão quantitativa e qualitativa de seus formatos, protótipos e estilos vêm recebendo, tais como: literatura gerada por computador, literatura informática, infoliteratura, literatura algorítmica, literatura potencial, ciberliteratura, literatura generativa, hiperficções, texto virtual, geração automática de texto, poesia animada por computador, poesia multimídia (MOURÃO, 2001, p. 4; COSTA SANTOS, 2010).
Apesar da variação da nomenclatura, costuma-se definir a literatura digital como aquela que nasce no meio digital. No seu livro sobre Electronic literature: New horizons for the literary (2008), Hayles a define como a criação de obras de aspecto literário importante que aproveitam as capacidades e contextos fornecidos por um computador independente ou em rede.
Em suma reconhecer a especificidade das formas literárias nas novas mídias não significa, de modo algum, abandonar o rico manancial dos modos tradicionais de compreensão da linguagem, da significação e da interação corporificada com os textos. Não é difícil concluir a partir disso que a ciberliteratura não chegou para fazer operações de diminuição ou divisão, mas para somar e multiplicar.

Referência:https://periodicos.ufsc.br/index.php/textodigital/article/view/1807-9288.2012v8n2p229/23637

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